Entre os diversos temas colocados em pauta na abertura do Congresso de Operações Policiais – COP Internacional, o atual secretário de segurança pública de São Paulo, Guilherme Derrite, defendeu a união dos setores estaduais e federais no combate ao crime organizado e sua forma de ação.
Durante a palestra, Derrite apresentou aos participantes do evento os principais aspectos e estratégias de sua gestão para o combate ao crime organizado. O Secretário destacou a mudança estrutural que as organizações criminosas passaram nos últimos anos, quando deixaram de ser regionais, ampliaram suas dimensões no país e, posteriormente, criaram células em outros países produtores de cocaína tornando-se internacionais.
“A partir do momento que o crime organizado passou a comprar drogas direto de países produtores, passaram a ter um lucro maior com o tráfico internacional, inicialmente em países da América Latina e posteriormente, na Europa” afirma Derrite.
Desarticulação do fluxo logístico do crime organizado
Uma das estratégias prioritárias, segundo Derrite, foi negar o acesso a infraestrutura logística para o tráfico de drogas, com destaque às operações realizadas no Porto de Santos, onde estima-se que passam cerca de 25 toneladas de cocaína todos os anos, perdendo apenas para o Porto de Guaiaquil, no Equador.
“O criminoso usa a infraestrutura aeroportuária brasileira, existente para escoamento de produção industrial e agrícola do país, para fazer o tráfico de drogas. Nossa estratégia está em quebrar esta cadeia logística e, para isso, iniciamos um grande trabalho de integração entre Estados e um trabalho articulado de troca de informações de inteligência entre os órgãos de segurança pública”.
Cerca de 80% das apreensões de drogas realizadas em 2023 foram realizadas pela Polícia Rodoviária Federal, responsável pelo patrulhamento e investigação em região de fronteira. Em 2023, houve a maior apreensão já registrada, de 2,2 toneladas de maconha em 2023 e 1,5 toneladas apreendida pelo trabalho de inteligência da Polícia Civil.
Cooperação de múltiplos setores e inteligência
Outra estratégia trazida pelo Secretário de Segurança Pública foi a cooperação entre Governo Federal, Ministério Público, Poder Judiciário, Organização Penitenciária e os Estados, para iniciar a troca de informações e a base de inteligência compartilhada.
“Para o criminoso, não existem fronteiras. Então nós também temos que realizar operações em conjunto. O trabalho em conjunto da Polícia Militar e Polícia Civil no centro de São Paulo foram indispensáveis para desarticular lideranças da Cracolândia. Obtivemos uma redução de 65% no número de roubos na região e conseguimos resgatar a Praça da Sé, que há muito tempo sofria com a criminalidade”
Derrite encerrou sua participação na COP destacando o acordo de cooperação com o Judiciário para uso de georreferenciamento, tornezeleiras eletrônicas para criminosos que cumprem pena em liberdade e no combate à violência contra a mulher, além dos investimentos em tecnologia que vem sendo realizados.
“Temos 645 municípios em São Paulo e, até o ano passado, apenas 190 eram integrados com a Secretaria de Segurança Pública. Hoje, temos 641 integrados, o que gerou maior captação de registro de roubos e furtos”.