Durante o Cybersecurity Summit, que aconteceu nos dias 27 e 28 de outubro, em São Paulo, o uso da IA na Cibersegurança ganhou destaque nos debates.
Em um dos painéis, o especialista em cibersegurança Andrew Bindner apresentou uma análise inédita sobre como a IA generativa vem sendo usada para criar documentos falsos de alta precisão, como passaportes e carteiras de identidade, e alertou para o crescimento do uso indevido dessa tecnologia em esquemas de fraude e espionagem.
“Hoje, qualquer pessoa com ferramentas generativas pode criar um documento falso visualmente perfeito, o que representa uma ameaça real à segurança global”.
De acordo com Bindner, a Inteligência Artificial tornou o processo de falsificação mais rápido, acessível e difícil de detectar. Durante sua apresentação, ele destacou que o mesmo poder computacional que reforça sistemas de defesa também está sendo explorado para ataques sofisticados.
“A capacidade de gerar imagens, vozes e assinaturas digitais realistas está criando um novo cenário de vulnerabilidade, especialmente em processos de autenticação remota e verificações de identidade online. O mundo está diante de uma corrida tecnológica entre quem protege e quem ataca e a diferença entre o caos e a segurança está na velocidade com que governos e empresas conseguem reagir”.
O palestrante defendeu a cooperação internacional e o investimento em educação cibernética como medidas essenciais para conter o avanço das falsificações digitais e fortalecer políticas de confiança pública.
Encerrando o encontro, Bindner reforçou a necessidade de uma estratégia global integrada de segurança digital, que combine tecnologia, regulação e conscientização.
“A segurança cibernética não é apenas um problema técnico. É uma questão de confiança, soberania e futuro digital. A IA pode ser nossa maior aliada ou nossa maior vulnerabilidade”, concluiu.
Comunicação clara
O tema também foi destaque durante a palestra de Vitor Garcia, líder de segurança da informação da Embraer, ele ressaltou que o principal desafio da cibersegurança nas organizações é comunicar de forma clara e estratégica com todos os níveis da empresa, especialmente com o conselho de administração, garantindo apoio e investimentos contínuos em segurança.
“Não existe exército de um homem só em segurança cibernética. A defesa depende da colaboração e da capacidade de simplificar o que é complexo. A cibersegurança é bem-sucedida quando não é percebida, assim como um bom árbitro em campo”, afirmou.
IA inaugura uma “era de ouro” do cibercrime
Ivo Peixinho, representante da Diretoria de Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, afirmou durante o Cyber Security Summit Brasil 2025 que o avanço da inteligência artificial está inaugurando uma “era de ouro” para o crime digital.
“O uso de modelos generativos por grupos de ransomware e hackers profissionais está ampliando a complexidade e a escala dos ataques, colocando os defensores em desvantagem. A era de ouro do hacking vai ser causada pela IA. Vamos viver um período difícil, porque o atacante não está preocupado em ‘quebrar nada’, ele vai testar, invadir e causar estrago.”
O especialista destacou ainda que, embora os atacantes estejam à frente, a IA também oferece oportunidades de defesa, permitindo que analistas detectem padrões e vulnerabilidades de forma mais rápida e precisa. Ele defendeu a adoção de políticas robustas de proteção de dados e uso ético da IA como prioridade para governos e empresas.
O Cyber Security Summit 2025 reuniu executivos de grandes corporações e especialistas em segurança da informação para discutir os desafios da era digital. O evento destacou o papel transformador da Inteligência Artificial tanto na inovação tecnológica quanto no aumento da superfície de risco global.
















