O uso de bodycams pelas forças policiais em nosso país é uma realidade em expansão. Com investimentos recentes de estados e do governo federal, essas tecnologias prometem transformar a segurança. Em 2024, a publicação da Portaria nº 648 pelo Ministério da Justiça estabeleceu diretrizes nacionais para o uso dos equipamentos, com foco em padronizar sua aplicação e promover maior transparência e eficiência nas operações da polícia.
*Por Hilton Carvalho I Hikvision
Evolução tecnológica das body cams
As câmeras corporais estão deixando de ser meros dispositivos de gravação e se tornando ferramentas multifuncionais, equipadas com tecnologias avançadas, tais como:
Reconhecimento facial: a funcionalidade permite identificar pessoas em tempo real, cruzando imagens capturadas com bases de dados. Usada de forma eficaz, pode auxiliar na localização de suspeitos ou pessoas desaparecidas. Apesar do potencial, especialistas apontam para os desafios relacionados à privacidade e a possíveis falhas nos algoritmos.
Leitura de placas: a leitura automática de placas veiculares é uma inovação que facilita a identificação de carros roubados ou envolvidos em atividades ilícitas.
Comunicação push-to-talk (PTT): essa função transforma as bodycams em ferramentas de comunicação, possibilitando que agentes troquem informações em tempo real por meio de redes celulares.
Além dessas inovações, a integração com Inteligência Artificial (IA) está revolucionando o uso das bodycams, automatizando a geração de relatórios, a análise de comportamento e outras tarefas que antes demandavam tempo e recursos de pessoal. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a IA tem o potencial de reduzir a burocracia nas operações policiais, liberando os agentes para focarem em ações estratégicas.
Panorama do uso no Brasil
Atualmente, sete estados brasileiros utilizam bodycams em algum grau, com São Paulo liderando a implementação, cobrindo 52% do efetivo da Polícia Militar. Outros estados estão em fase de teste ou licitação, enquanto apenas o Maranhão não apresentou planos concretos para adoção. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que, em 2022, estados que utilizavam câmeras corporais apresentaram taxas de letalidade policial abaixo da média nacional, evidenciando o impacto positivo da tecnologia.
As diretrizes nacionais, estabelecidas pela Portaria nº 648/2024, recomendam o uso contínuo das câmeras durante o turno de serviço e a gravação obrigatória de 16 situações específicas. Além disso, o acesso às imagens é garantido tanto a cidadãos que se sintam lesados quanto a agentes que queiram comprovar a legalidade de suas ações, promovendo transparência e justiça.
Benefícios e desafios
A adoção desses dispositivos trouxe resultados expressivos, como a redução em 61% do uso da força e reclamações de conduta policial, segundo o Ministério da Justiça. Além disso, a presença das câmeras desencoraja comportamentos inadequados, melhora a qualidade das provas e contribui para o treinamento contínuo dos policiais. Apesar dos benefícios, os desafios permanecem. Questões de privacidade, custos elevados e a gestão dos dados coletados ainda precisam ser enfrentados. O governo federal tem incentivado a adesão por meio de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública, condicionados ao cumprimento das diretrizes estabelecidas.
As bodycams representam um marco na modernização da segurança no Brasil, promovendo maior transparência e eficiência. Com a integração de tecnologias avançadas e IA, esses equipamentos têm o potencial de transformar a maneira como as operações policiais são conduzidas. Contudo, é imprescindível que a expansão das ferramentas seja acompanhada de regulamentações claras, treinamento adequado e respeito aos direitos individuais, garantindo sua aplicação ética e efetiva. O futuro das bodycams no Brasil depende do equilíbrio cuidadoso entre inovação tecnológica e responsabilidade, e com isso confiamos estar no caminho certo.
*Hilton Carvalho é gerente de pré-vendas da Hikvision