O Senai lança cinco academias de segurança cibernética. Uma delas está localizada no Paraná, em Londrina, e foi inaugurada no final de 2020. Há também unidades em Brasília, Fortaleza, Vitória e Porto Alegre. Os novos centros de tecnologia têm como objetivo reduzir o déficit de mão de obra especializada, investindo em formação e na qualificação de profissionais.
Na indústria 4.0, um ataque cibernético não só impacta a reputação como também pode ocasionar perda de informações e de receitas, prejuízos com a paralisação dos serviços e de toda a cadeia produtiva, além de sanções legais e administrativas. De acordo com Giovana Punhagui, gerente executiva de Educação do Sistema Fiep, a preparação do setor para lidar com estas ameaças cibernéticas depende de uma equipe capacitada e treinada.
“Hoje, há uma falta de trabalhadores que atuam na proteção dos dados das indústrias e evitam prejuízos, que vão da violação de dados de clientes e vazamento de informações confidenciais até a paralisação de linhas de produção na indústria. Por isso, o Senai se propõe a formar estes profissionais e apoiar a indústria”, afirma.
Infraestrutura moderna
Estas academias terão como foco a formação de profissionais de cibersegurança com infraestrutura especializada. Entre as novidades, as unidades terãosimuladores hiper-realistas.
“Como ensinar na prática poderia comprometer o sistema e as operações das próprias indústrias, utiliza-se o simulador, com 20 cenários de ataque e defesa em um cenário bem próximo do real. Como em um jogo, há dois times, o azul e o vermelho, em que um atua como o invasor, com jogadas para invadir e paralisar o sistema, bloquear ferramentas e serviços, e o outro faz a defesa”, explica.
Ao se deparar com um serviço que não funciona mais ou dados que são vazados, os alunos precisam contornar e minimizar danos e desenvolver estratégias para evitar novos ataques. Por ser uma simulação em times, os exercícios também desenvolvem competências socioemocionais. Outra atividade realizada no simulador é o desafio de burlar proteções de um lado e identificar e bloquear ataques do outro, conhecido como Capture The Flag (CTF). Grandes empresas de tecnologia, como a Cisco, a AWS e a RustCon, fornecedora do simulador, são os parceiros iniciais do Senai no projeto das academias.
Ameaças e impactos na indústria
O Global Cybersecurity Index (GCI), da International Telecommunication Union (ITU), estimava, para o final de 2019, um custo de 2 trilhões de dólares com o cibercrime no mundo. Na época, o Brasil aparecia no 70º lugar do ranking de cibersegurança, atrás de países como Reino Unido (1º), EUA (2º), Uruguai (51) e África do Sul (56) e a frente dos vizinhos Chile (83) e Argentina (94). O índice avalia 25 indicadores relativos à legislação, mecanismos técnicos, estrutura organizacional, capacidade de construir ações e arranjos cooperativos.