Não são apenas as guerras entre países que vêm movimentando o mundo. Os ataques cibernéticos também configuraram ameaças globais, sendo realizados de vários lugares do mundo, seja contra grandes empresas, seja contra órgãos governamentais ou até mesmo civis, gerando, além de muita dor de cabeça para os envolvidos, prejuízos e inseguranças.
Por essa razão, a Apura listou em seu report anual alguns fatos e eventos em cibersegurança relevantes em 2022, também visando estudar onde estavam as falhas nos casos e como os ataques foram realizados.
CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
Sim, as crises no mundo real também são portas de entrada para as guerras virtuais. Exemplo disso foi o recente conflito Rússia-Ucrânia, que deixou claro como as fronteiras são quase irrelevantes em termos de segurança cibernética. Em um recente artigo, o Google afirma que o conflito transformou o cenário de ameaças cibernéticas.
“O conflito demonstrou a vulnerabilidade de diversas instâncias de infraestrutura crítica. Ao se tornarem alvo prioritário de ambos os lados, ataques a essas infraestruturas críticas causaram danos com resultados potencialmente catastróficos, como, por exemplo, o ataque de hackers ucranianos contra sistemas de controle de pressão de gasodutos que levou a uma explosão”, explica Sandro Süffert, CEO da Apura.
Nem o Twitter escapou
Uma das maiores redes sociais do mundo, com milhões de usuários, o Twitter tem sido um dos principais alvos dos criminosos virtuais, especialmente em busca de dados pessoais dos usuários. Em julho, um ator de ameaças postou anúncios em fórum malicioso oferecendo informações de 5,4 milhões de contas do Twitter.
A vulnerabilidade explorada pelo ator permitiria que qualquer pessoa verificasse se um endereço de e-mail ou número de telefone estava associado a uma conta do Twitter e recuperasse o ID dessa conta, com informações sobre número de seguidores, nome de usuário, nome de login, endereço, número de telefone, localização, URL da foto do perfil, além de outras informações.
Porém, ter acesso a esses dados não era barato: 30 mil dólares, com informações até de celebridades que tinham conta na rede. Esses mesmos dados foram mais uma vez vistos sendo anunciados em fórum malicioso em novembro, de forma gratuita e com cerca de 400 milhões de usuários únicos do Twitter.
Grupos LAPSUS$ realiza ações no mundo todo
Literalmente um dos maiores grupos em termos de relevância na internet, o grupo LAPSUS$ realizou vários ataques no Brasil e no mundo, não poupando nem as gigantes Microsoft, Samsung, LG, Nvidia, Okta, Uber, Ubisoft, EA Entertainment ou mesmo órgãos governamentais, como o Ministério da Saúde, derrubando servidores e roubando dados.
“A impressão é de que o objetivo do grupo era chamar mais atenção do que propriamente extorquir as vítimas”, explica Süffert. A ousadia foi tamanha que o LAPSUS$ chegou a ter um canal no aplicativo de mensageria Telegram, e milhares de pessoas passaram a acompanhar as atualizações sobre os ataques, com vários membros do grupo ativamente participando das conversas.
Um dos supostos líderes, um adolescente de 17 anos, foi preso em Oxford, Inglaterra, junto com outros comparsas. Outra pessoa envolvida com as atividades do grupo foi presa na Bahia, Brasil, como parte da operação “Dark Cloud”. Em setembro, um novo ataque à empresa de jogos eletrônicos Rockstar foi atribuído ao grupo, assim como uma ação contra a Uber, todas ligadas ao LAPSUS$.
ATAQUES DDoS
Recorde em 2022, ataques DDoS (Distributed Denial of Service) – que são uma tentativa de tornar os recursos de um sistema indisponíveis para os seus utilizadores – causam muitos, mas muitos transtornos! Esses ataques são mais caros, pois requerem uma conexão criptografada segura.
Para realizar o ataque citado acima, o ator utilizou uma rede de 5.097 dispositivos, cada um deles gerando até 5,2 mil Solicitações por Segundo (RPS), e foi identificado que grande parte das máquinas de onde se originou esse ataque estava localizada no Brasil. “Esse é um tipo de ataque que precisa ser monitorado à exaustão”, reforça o CEO da Apura.
Em junho, a Cloudflare afirmou ter conseguido bloquear um ataque de HTTPs DDoS de 26 milhões de RPS, o maior registrado pela empresa até hoje. O Google também anunciou ter bloqueado o maior ataque DDoS HTTPs de todos os tempos contra um de seus clientes, que chegou a 46 milhões de RPS, 76% maior que o reportado pela Cloudflare e com duração de 69 minutos, o mesmo que se todos os acessos diários à Wikipédia ocorressem em apenas 10 segundos.
A tendência é de que em 2023 as ameaças se proliferem. Por isso, contar com uma ferramenta como o BTTng, que apenas em 2022 monitorou mais de 3 bilhões de eventos indexados, é fundamental. “Quanto maior a prevenção, melhores as chances de escapar de um ataque cibernético”, diz Sandro Süffert.